Passeamos
por um pedaço da história brasileira na nossa viagem ao Rio de Janeiro, preciso
contar.
Num
de nossos passeios, saímos a pezito pelas ruas de Copacabana em direção a Lagoa
Rodrigo de Freitas e foi nesta caminhada que pisamos num dos pedaços mais
marcantes da história política deste país: a Rua Tonelero!!!!
Inclusive,
ao pronunciarmos o nome da dita cuja, confundíamos inadvertidamente com Rua
Tumelero (ninguém facilita tantooooo!!!!), mas o correto é mesmo Rua Tonelero.
Pois
bem, foi nesta rua, mais especificamente em frente ao número 180, que Carlos
Frederico Werneck de Lacerda, ou apenas Carlos Lacerda “o Corvo”, junto com seu
filho Sergio e um guarda-costas não oficial de nome Rubem Vaz (não confunda com
o Rubem Paz, camisa 10 do Inter na década de 80), bom, os três foram alvo de
tiros disparados por alguns simpatizantes do governo de Getúlio Vargas, assim
dizem amiúde. Inclusive, condenados foram alguns funcionários da guarda pessoal
de Getúlio em função do ocorrido.
Mas
bueno, voltando ao atendado contra o Lacerda, este episódio foi o estopim quase
direto para o suicídio do Getúlio em 24 de agosto de 1954, pois Lacerda era
opositor ferrenho de Getúlio, e este fato acirrou ainda mais as coisas entre
ambos, com acusações diretas de participação de Getúlio no atendado contra “O
Corvo”.
Lacerda
vociferava contra tudo e contra todos, incluindo-se no rol de seus antagonistas
o próprio Getúlio, Juscelino Kubitschek e João Goulart (oficialmente não há
relação familiar, mas o Jango dizia que era parente da minha família para
ganhar votos). Na verdade, acho que o Lacerda era meio que uma metralhadora
giratória, atirando principalmente contra os membros do governo. Foi defensor
do golpe militar de 64, mas, veja você amigo leitor, voltou-se contra o regime
militar em 1966 pois era contra a ampliação do mandato de Castelo Branco. Ou
seja, Se hay gobierno soy contra! Pindarolas triplas!!!
Mas
enfim, agora com essa onda de protestos, de todos contra tudo e todos, minhas
memórias sobre o caso Getúlio e Lacerda vieram a tona, refrescada pela recente
passagem pela histórica Rua Tonelero.
Não
vou fazer discursos acerca das manifestações, nem a favor, nem contra, pois as
pessoas que conhecem minhas opiniões sabem o que penso sobre a passividade do
povo brasileiro e do que precisamos para mudarmos a nossa história e deixarmos
de ser o país do futuro e nos tornarmos o país do agora. Nenhum gigante
acordou. E não é nenhum gigante que vai fazer diferença nesse momento de
mudança. Quem vai fazer a diferença somos nós, os pequenos Davis.
Mas
sou profundamente contra ações de vandalismo. Nada justifica queimar lixeiras,
quebrar vidraças, queimar carros ou ônibus, ou atacar o patrimônio
público, pois se é público, é de todos nós, e todos nós acabaremos por
pagar pelo conserto. Traduzindo em miúdos, sai do teu bolso, amigo leitor, a
conta de tudo isso. E sejamos francos, quem vai manifestar-se pacificamente,
não precisa usar máscaras ou camisetas para cobrir o rosto.
Portanto,
manifestem-se. Mas lembrem na hora de quebrar alguma coisa: você paga a
conta!!!
E
eu andei pela Rua Tonelero, pisando numa parte importante da história
brasileira.
