Diz-se que
Heitor, irmão de Páris, quando aceitou lutar contra Aquiles a fim de terminar
com a guerra entre Gregos e Troianos fez um pedido singelo ao Grego Aquiles:
- Aquele que
tiver como destino a morte, será devolvido aos seus, para que seja honrado e
tenha um funeral digno.
Ao que
Aquiles respondeu:
- Não há
pactos entre presa e predador.
Cara... não
era legal ser inimigo do Aquiles.
Traduzindo
aqui para nós, reles mortais, Aquiles deixou claro que o Heitor estava fo...
ferrado! Ele ia morrer! E morreu!!!!
Aquiles então
amarrou Heitor pelos pés em sua biga, e deu três voltas no entorno das muralhas
de Tróia, para mostrar aos troianos o corpo de seu herói Heitor, morto. Em
seguida, voltou à sua tenda. No dia seguinte e também no outro repetiu o mesmo
gesto. Três voltas com o corpo de Heitor sendo arrastado pelo entorno de Troia.
Até que
Príamo, pai de Heitor e Páris, foi escondido até o acampamento Grego e implorou
a Aquiles que lhe fosse permitido prantear o filho morto, ao que Aquiles
aquiesceu, libertando assim o corpo de Heitor para um funeral digno.
A história da
batalha entre Aquiles e Heitor está contada na Ilíada, de Homero, obviamente
com um pouco mais de fantasia, retratando a raiva existente entre Aquiles e
Heitor e o desrespeito do Grego pelo seu inimigo. Muitos imaginam que toda essa
briga seja por causa de Helena (que devia ser uma coisinha!!!), mulher que
Páris roubou de um Rei Grego. Mas não é.
A briga entre
os dois se deu porque Heitor matou o primo de Aquiles (e provável amante),
Pátroclo. Diz o poeta que amor e ódio são dois irmãos a brigar por espaço.
Bonito isso!
Mas tu
consegues imaginar a raiva do Aquiles, para arrastar o corpo de seu inimigo sem
perdão?
Eu imagino
que deva ter sido alguma coisa enlouquecedora a ponto de fazê-lo perder a noção
de civilidade. Ele não tinha nenhum respeito pelo seu inimigo, nem mesmo o
respeito pelos familiares de seu inimigo. Ele queria causar dor, tanto quanto a
dor que ele mesmo sofria.
Corta.
Saindo da
história e entrando na atualidade, que tipo de sentimento havia entre os três
policiais do Rio de Janeiro quando arrastaram aquela mulher, a Cláudia, pelas
ruas do Rio, após atingirem-na com um tiro de fuzil.
É difícil
imaginar o que pode ter acontecido antes do tiro fatal, mas o desrespeito
desses policiais pelo ser humano Cláudia foi tamanho, tão vil e covarde, que
não há como descrevê-lo sem cair inconscientemente no mundo animal. Mesmo que nem
um animal seja tão covarde assim.
Essa “coisa”
(não consigo encontrar uma palavra que expresse esse absurdo) que eles fizeram
com a moça mostra que alguns seres, chamados de humanos, perderam qualquer
sentido de civilidade, de consciência, de respeito ao próximo ou de amor
próprio, porque alguém capaz de fazer isso com um semelhante provavelmente
espera ser tratado desta mesma forma quando chegar a sua hora.
E aí está o
busílis! A falta de respeito...
É sabido que
a justiça no Brasil tarda, as vezes falha, e normalmente pune mais quem deve
menos. E por isso mesmo não me admirou em nada a declaração destes policiais do
caso Claudia, quando disseram que só queriam ajuda-la e propiciar um
atendimento urgente para que ela pudesse sobreviver.
Ou seja, joga
na caçamba, deixa arrastar no chão por 200m, e depois tenta salvar.
Mas e se
morrer? E daí... morreu!!!!
É, o troço começa a ficar
preocupante.
E dizer que se falava mal dos
traficantes que queimavam seus desafetos dentro de pneus...