As eleições estão chegando e o
que se vê não é nada agradável. As redes sociais estão cheias de opiniões para
todos os lados. Opiniões que não se sabe ao certo de quem, pois são
compartilhamentos de alguém que disse, que viu, que filmou, que fotografou,
que, enfim, fez aquilo chegar até nós.
Algumas poucas postagens
carregam algum conteúdo aproveitável, enquanto a maioria são agressivas, cheias
de ódio e de crença que a única via correta é aquela de quem postou, sendo as
demais reprovadas com veemência, criticadas, descartadas.
A cada nova eleição as redes
sociais assumem papel mais importante. As mudanças na legislação que estabelece
o horário eleitoral no rádio e na TV fizeram a tradicional propaganda minguar,
cedendo espaço para os novos meios de interação social.
Particularmente optei em não
me manifestar; se o fizesse, faria através de uma opinião própria, escrevendo
ou falando sobre o meu posicionamento. Mas definitivamente, isso não vale a
pena, pois se fosse fazê-lo, certo ou errado, estaria eu sendo original,
autêntico. E quem se importa com autenticidade ou originalidade?!
A era é do compartilhamento e
não do pensamento, da reflexão, da produção própria de conteúdo. Pensar,
refletir, produzir, dá trabalho. Compartilhar, não. Então, compartilha-se tudo
aquilo que está mais ou menos afinado com o que defendemos, mas não refletimos
sobre o que estamos compartilhando para avaliar se realmente estamos dispostos
àquela exposição, se realmente estamos acometidos de todo aquele ódio, de toda
aquela crença do que estamos compartilhando. Simplesmente compartilhamos porque
aquilo está pronto.
E o fenômeno que decorre desse
comportamento meramente reprodutor de algo feito sabe-se lá onde, por quem e em
que circunstâncias, é a revelação de personalidades totalmente diferentes das
que conhecemos na vida real.