Greve dos Rodoviários em Porto Alegre

Relutei antes de escrever sobre esse assunto porque achei que teríamos um desfecho diferente, ou pelo menos convencional. Mas o que está acontecendo em Porto Alegre é algo absurdo. Não quero falar da greve em si que já dura 13 dias. Uma greve pode durar muito mais que isso, assim como pode durar apenas algumas horas. O tempo que o movimento grevista se mantém, depende das negociações entre as partes ou de decisões judiciais.

E é sobre as decisões judiciais que quero falar. Pois bem, há uma decisão judicial que determina a circulação de 70% da frota de ônibus nos horários de pico e 30% nos demais horários. E em caso de descumprimento, foi fixada uma multa diária a ser paga pelo sindicato dos rodoviários no valor de R$ 100.000,00.

Olhando assim, temos a impressão que o problema, mesmo sem solução definitiva, foi amenizado pela decisão do Judiciário, ainda que todas as partes envolvidas tenham que ceder algo, o que, diga-se de passagem, não precisava de decisão judicial, pois poderia acontecer ao natural como sugere um processo negocial minimante sério e comprometido com os reais interesses que o circundam. Ceder, faz parte quando se está em uma negociação.

Mas eis que o sindicato dos comerciários resolveu simplesmente NÃO CUMPRIR a decisão judicial. Se essa atitude do sindicato por si só não fosse UM VERDADEIRO ABSURDO, poderíamos acreditar, ingenuamente, que ele, sindicato, assumiu o risco, pois ao não cumprir a DECISÃO JUDICIAL, assumiu a multa de R$ 100.000,00 por dia de descumprimento.

Infelizmente, porém, em meio a esse emaranhado de absurdos, há mais um, anote aí caro Leitor: o sindicato não cumpriu a DECISÃO JUDICIAL e não vai cumprir. E o PIOR: Não vai pagar a multa fixada na sentença. E é simples a explicação; não vai pagar porque ali adiante haverá um acordo entre as partes, e uma cláusula dizendo que, como parte do acordo, o sindicato dos rodoviários ficará isento da multa fixada na INGÊNUA SENTENÇA.

Não quero mais falar sobre isso.