sexta-feira, 28 de maio de 2010

O estagiário e o peneirão

O estagiário e o peneirão

Dizem que o Marcos Evangelista, quando ainda era Marcos Evangelista, passou por oito peneirões (isso mesmo, oito). Perseverante o Marcos Evangelista.
Peneirão, para os menos entendidos, são aquelas tentativas que os guris ou gurias fazem para serem aceitos em algum time de futebol, seja time profissional ou de várzea, passando por uma espécie de teste futebolístico que dura em torno de 3 minutos, sem virada de campo.
Dizem que para a várzea o teste é inclusive mais difícil, pois exige conhecimento em armas de fogo ou armas brancas.
Neste tempo todo o guri ou a guria tem que mostrar tudo o que sabem sobre o futebol. O básico é dar caneta no adversário (é a janelinha, ou passar a bola entre as pernas do adversário), dar paninho (uma espécie de drible, onde o adversário fica com problemas na cervical e na lombar para o resto da vida), fazer golos, bater escanteio e cabecear na área adversária, e, sobrando um tempinho, tentar atuar de goleiro para chamar a atenção do professor, que no futebol o cara que fica no lado de fora do campo deve respeitosamente ser chamado de professor.
Então, o Marcos Evangelista passou por oito destes. E nos oito, qual foi a resposta que lhe deram?
Não, sinto muito. Você não foi aprovado.
Isso, em outras palavras, quer dizer que acabou a carreira do sujeito no futebol, certo? Errado.
O que fez o Marcos Evangelista, na sua infinita sabedoria infante?
Mudou o nome artístico para CAFU, e foi novamente tentar a sorte no futebol. Novamente reuniu seus equipamentos, que podem ser traduzidos aqui como meião e chuteira, pois o calção era o mesmo que ele ia para a escola todos os dias, e com o qual matava as aulas para jogar bola no terreno baldio ao lado da escola, além da camiseta, que também era a da escola, mas esta ele tirou na hora do teste e foi jogar no time dos sem-camisas.
Para orgulho da nação brasileira e são-paulina, o Marcos Evangelista, agora conhecido como Cafu, foi aceito e passou a fazer parte das categorias de base do São Paulo FC com o qual se sagrou campeão inúmeras vezes, o que lhe rendeu convocações para a Seleção Brasileira, o escrete canarinho, sendo tetracampeão mundial em 1994 e pentacampeão mundial em 2002, na conhecida família Scolari, além de ficar a cargo do Cafu como capitão do selecionado verde-amarelo a tarefa de erguer o troféu, feito com garbo e elegância, subindo em cima da bancada do presidente da FIFA e gritando aos quatro ventos e às milhões de câmeras de TV’s, do mundo inteiro a célebre frase “REGINA, EU TE AMO”. Por este motivo até hoje todas as Reginas que eu conheço se vangloriam, dizendo que o Cafu falou aquilo especialmente para elas.
Enfim, a linda história do outrora Marcos Evangelista, hoje Cafu, nos serve de exemplo, principalmente porque temos em nosso seio, em nosso círculo de amizades um colega, estagiário é bem verdade (e o que seria de nós sem os estagiários para por a culpa dos nossos erros), mas ainda assim um colega, que busca inspiração para participar de mais uma peneira.
Neste momento é que todos, mas todos mesmo, devemos nos unir para passar força ao estagiário Filipe, pensamento positivo, pois a provação que ele irá passar é deveras significativa. Ele vai, apoiado no exemplo do Marcos Evangelista, hoje conhecido como Cafu, tentar novamente a sorte no futebol, num dos testes mais difíceis para qualquer guri que sonha em tornar um jogador de futebol, que é a peneira do Segundinho do União Forquetense, de Caxias do Sul.
É o primeiro passo para quem sabe uma carreira gloriosa como atleta. Um passo que poderá lhe levar para o centro do país, para a Europa, quiçá para a seleção brasileira.
Mas para tanto, aconselho ao estagiário que mude seu nome. Passe a usar um nome artístico, pois se na primeira peneira ele foi rejeitado, agora não o será.
Filipão, passe a usar outro nome. Pode ser um nome pomposo, um apelido, qualquer um... Menos Regina. Senão vou achar que o Cafu falou aquilo em 2002 prá ti.

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