quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Deixai toda a esperança aqui!!!!

No livro Divina Comédia, de Dante Alighieri, a primeira parte se chama “Inferno”, depois vem Purgatório e o Paraíso.
Mas por hora vou me deter no Inferno. No de Dante, óbvio...
Tu sabes que, segundo lendas, o inferno foi criado pela queda de Lúcifer, que era o anjo preferido D’Ele. Lúcifer, aliás, quer dizer Vindo da Luz. Que côsa, não??? E dizem amiúde que o tombo foi tão grande que o inferno criou nove círculos concêntricos (concêntrico é uma palavra muito distinta) e quanto mais graves os pecados, mais fundo o sujeito vai parar.
O primeiro círculo é o Limbo, onde ficam os pagãos ainda não batizados e aqueles que nasceram antes de Cristo e também e-mails que o Dezã recebia na antiga firma. Ou seja, pecados não tão graves assim. No último círculo conhecido como Lago Cocite, ficam os traidores, pecado considerado mortal por Dante Alighieri e pela minha mulher também.
Aqui abro um parêntese: Eu tinha um amigo que era tão traidor, mas tão traidor, mas tão traidor, que queria trocar o próprio nome para Judas. Fecha parêntese.
Quando Dante Alighieri retrata o inferno, ele se baseia no que dizia Aristóteles sobre o conceito de justiça, onde devemos evitar modos como: malícia, incontinência e bestialidade. E eis o ponto onde quero chegar: bestialidade! Não me refiro aqui à bestialidade no sentido da pessoa ser uma besta de tansa ou bocó, mas sim, no sentido de besta-fera, de violência física ou verbal, e isso é preciso que se entenda.
Tenho acompanhado os inúmeros protestos que vem acontecendo pelo país e os vários movimentos em que se originam cada protesto. É movimento Passe Livre, Black Blocks, Grito dos Excluídos, Sem Terra, Sem Teto, Sem Dinheiro, mascarados travestidos de Guy Fawkes (aquela máscara do V de Vingança), ou usando camisetas para encobrir o rosto. E a cada protesto a bestialidade se torna maior. Vandalismo se tornou a palavra de ordem, e não mais reivindicar melhorias ou direitos sociais. Não, o que vale agora é depredar. Patrimônio público? Quebraremos e picharemos. Ônibus e trens?  Incendiaremos. Agências bancárias? Depredaremos. Comércio local? Saquearemos. Homens e mulheres reunidos como uma horda sanguinária, fazendo vergonha às hordas bárbaras de Átila, o Huno, também conhecido como o “Flagelo de Deus”. Hoje, infelizmente, uma parte do povo brasileiro se tornou o Flagelo de Deus.
N’outro dia (é o segundo apóstrofo no texto, tri...) vi uma reportagem sobre manifestações na França a favor de uma menina, do Kosovo, que foi injustamente expatriada. Milhares de pessoas saíram às ruas, pedindo ao governo que trouxesse ela de volta ao país, pois ela tinha todas as condições de asilar-se lá e bibibi, e não houve nenhum tumulto, nenhum quebra-quebra, nenhuma depredação. Jovens, adultos e velhos, todos com o único intuito de não permitir uma injustiça, e nem por isso fazendo justiça com as próprias mãos.
É possível reivindicarmos nossos direitos sem quebra-quebra, sem arruaças, sem saques e roubos. Quem saqueia, depreda e rouba, não está buscando seus direitos, mas sim usurpando o direito dos demais, pacíficos, que buscam no diálogo a resolução dos problemas.
Quem sai para uma manifestação disposto a esconder o rosto não pode ser reconhecido como manifestante. Deve ser conhecido e reconhecido como baderneiro, saqueador e arruaceiro.
Respeito e sempre respeitei todos os tipos de manifestação, seja passe livre ou movimento sem-terra ou o movimento de translação que faz a terra girar. Mas não posso respeitar marginais que saem de casa para promover quebra-quebra, incêndios e depredação, pois isso fere diretamente o direito dos demais cidadãos, que querem sim melhores condições sociais, mas respeitando a lei e a ordem.
O que me deixa mais preocupado é que em breve teremos novamente eleições, e, talvez eu esteja errado, essas mesmas criaturas que hoje saqueiam e depredam e incendeiam, venderão seus votos por um botijão de gás ou uma conta de luz, ou um “carguinho” de assessor de alguma coisa.
Quer reclamar? Vote em pessoas dignas de sua confiança, e cobre destas pessoas as promessas que elas te fizeram na campanha.
Caso contrário, como diria Dante Alighieri: “Deixai aqui toda a esperança, ó vós que entrais!”
E prepare-se para o inferno!

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