sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

O que diria Hamurabi?

O que diria Hamurabi?



O que diria o velho e bom Hamurabi se lesse a Zeagá de ontem, dia 28/01/2010, onde se estampava nas páginas policiais que uma senhora, pertencente já a classe da melhor idade (ou terceira idade, como queriam chamar) saiu às catas do ladrão que lhe surrupiou uma grande soma em numerários?

Imagino que assim que terminasse de ler a página com a reportagem, chamaria um de seus eunucos e mandaria trazer à sua presença o glorioso carrasco de seu reino, com seu machado mais afiado, e lhe daria ordens de decepar sem dó e nem piedade a mão do infame meliante. Exigiria nada mais nada menos do que a mão direita do dito cujo, ou ainda as duas mãos, que naquela época se respeitava deveras as pessoas de idade mais avançada.

Mas o que aconteceu então? A singela senhora saiu na cola do sujeito, dirigindo seu veículo, destemida, enquanto o larápio deslizava a sua frente pelas ruas de Porto Alegre. Até que um caminhão, surgido do nada, atravessa em frente ao veículo da senhorinha e ela perde o larápio de vista. Veio a descobrir depois que eram dois meliantes e que estes capotaram o carro que dirigiam.

O que mais me chamou a atenção não foi o roubo em si, ou o fato da senhorinha sair à cata dos bandidos. O que mais me chamou a atenção foi a coragem dela de sair à cata do larápio, mesmo que todos os gloriosos entendedores de segurança digam que não se deve fazer tal coisa, e creio que ela saiba disso. A decisão de dar a partida no seu possante, engatar a primeira marcha e logo passar a segunda, isso me chamou a atenção, além do fato dela ter dito que, se soubesse o desfecho do caso, teria atropelado o sujeito enquanto ele corria até o carro da fuga. Porque ela fez isso? Eu me pergunto e eu mesmo me respondo.

Porque ela, assim como grande parte da população, está farta dos entendedores de segurança que apenas dizem que não se deve reagir, mas nunca dizem que eles próprios entendedores de segurança irão fazer algo a nosso favor. Ouçam amigos, familiares e colegas e prestem atenção quando se fala em segurança pública, direito de ir e vir sem ser achacado. O que dizem seus amigos, familiares e colegas, hein!?

- Puá! (barulho de cuspe no chão), que segurança pública? Puá! (ainda o barulho de cuspe), que direito de ir e vir?

Ainda assim vamos gastar milhões para deixar nosso estado e país pintadinhos de verde e amarelo, tão lindinhos, para uma Copa do Mundo e Olimpíadas. Puá! (agora foi meu cuspe), pouco se me dá se não ganharmos a dita Copa do Mundo ou medalhas olímpicas. Mas muito me importa se vou conseguir levar minha filha para passear pelas ruas tendo a certeza de que vamos voltar para casa da mesma forma que saímos, eu e ela. Com todos nossos pertences, principalmente o maior deles, a Vida.

Aprendi com minha mãe, há muito tempo, que antes de sair para brincar e me divertir, eu obrigatoriamente deveria fazer meus deveres de casa.

Olimpíada? Copa do Mundo? Que as façam franceses, ingleses ou americanos, porque nós brasileiros, precisamos muito mais de saúde, educação e segurança. E não me venham com direitos humanos para bandidos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

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