quarta-feira, 5 de maio de 2010

Farroupilha, 05 de maio de 2010.

Cibele, mãe de Juno, foi capaz de entregar a filha para as Hospérides criarem, temendo que Saturno a engolisse novamente ou a matasse pura e simplesmente, que Saturno era desses que engolia os próprios filhos temendo que lhes fizessem o que ele mesmo fez a seu pai, o terrível Céu. Mas enfim, olha o que a Cibele fez: separou-se da filha, segurando sua própria dor, para que a filha não sofresse. Da hora.
Altéia, mãe de Meleagro, foi capaz de tirar uma brasa, ainda em chamas, da lareira que aquentava a ela e seu filho porque uma das Parcas, deusas do destino, disse que a vida deste duraria apenas o tempo da brasa acabar de queimar. Tipo, virou cinza, o guri já era.
Ceres, deusa da fertilidade e da agricultura, foi capaz de ir até o inferno, onde reinava Platão (também conhecido como Hades) para buscar sua filha Prosérpina (ou Perséphone, como queira), enfrentando as piadinhas de Júpiter e Caronte, o barqueiro, além de sentar a porrada no Cérbero, cão de três cabeças guardião das portas do inferno. Veja só, literalmente, Ceres foi capaz de buscar a filha no inferno, para salvá-la. E conseguiu, pelo menos em partes, já que 6 meses a Prosérpina ficava com ela e seis meses ela voltava para o inferno ao lado do marido. Cara, não to dizendo que é um inferno ter um marido manja!, mas que ela vivia com o marido no próprio inferno. Dureza.
Oquéi baby. Dir-lhes-ia que as três poderiam ser consideradas como heroínas. O que de fato, a mim parecem ser. Corta.
Buenas, a minha mãe não me levou para ser criado por nenhuma Hospéride. Tampouco meteu a mão nas brasas da churrasqueira (que se não me engano, ela não tinha lareira). Ou ainda, foi até o inferno para me resgatar. Bom, quase isso, porque uma vez ela me pegou no fliperama enquanto devia estar trabalhando... mas isso não vem ao caso.
O caso é que, mesmo não tendo feito nada disso, ainda assim a considero como uma heroína. Não por ela ser minha mãe e talicoisa, por ter me criado e tudo, que isso ela fez com honrarias e louvores. Mas ela fez um troço mais interessante ainda. Ela nos deu, a mim e meus irmãos, a BARSA. Manja a BARSA, Enciclopédia Britânica? Livros e mais livros, volumes e mais volumes. Talvez ela pudesse ter nos dado uma bicicleta, acho até que era mais barato. Mas ela nos deu cultura. Ela nos ensinou a ter curiosidade por conhecimento, e o conhecimento, nos levou a buscar sempre o melhor, e a ser sempre melhor. E isso não tem preço. E ao ter feito isso, ela passou a merecer também ser chamada de Heroína.
O fato é que nunca a agradecemos por isso, eu acho. Devo ter dito, na época, que aqueles livros eram legais e bibibi, mas não lembro de ter lhe dito OBRIGADO MÃE.
Então hoje Mãe, eu agradeço por isso, e agradeço por tu ser a minha mãe e a minha Heroína da vida real.Te amo.

Nenhum comentário:

..Assuntos (clique num assunto abaixo para filtrar os artigos):