quarta-feira, 11 de abril de 2012

The Wall - Live

Em 1982, ano em que Pink Floyd The Wall, o filme, foi lançado, eu tinha 10 anos.
Daquele ano, a lembrança mais marcante que tenho é de ver o Brasil eliminado da copa do mundo de futebol, pela Itália do Paolo Rossi. Mas não lembro do lançamento do The Wall.
Fui ver este filme uns dois anos depois. Ou seja, aos 12 anos. Foi um gancho de direita no queixo, manja? Creio que não devesse ser indicado para menores de 18 anos, ainda mais em épocas de ditadura e talicoisa, mas ainda assim eu assisti.
Já conhecia as músicas do Pink, por influência do meu primo Fernando (in memoriam) que gostava da banda e tinha alguns discos deles. Lembro de ter ouvido The Dark Side of the Moon e Wish You Were Here, mas quando ouvi o The Wall, fique extasiado. É uma sonoridade brilhante, magnífica. A progressividade das músicas, as letras autobiográficas do Waters, tudo isso formou uma massa consistente que faz do The Wall o melhor disco que eu já ouvi em todos os tempos. Eu disse TODOS OS TEMPOS!
Claro, depois disso ouvi bons discos, boas bandas e tals, Mas o The Wall é o melhor. Vi alguns shows antológicos, mas ainda faltava alguma coisa. Faltava um pedaço da história, da minha história musical.
Poderia sentir falta de ver um show dos Beatles, que são monumentais. Poderia sentir falta de ver o Led Zeppelin ou o Deep Purple, que são maravilhosos. Ou ainda, nacionalmente falando, poderia sentir falta de ver a Legião Urbana com Renato Russo. Mas não era essa parte da história musical da minha vida que faltava.
 Faltava o Pink! Faltava The Wall!
Quando o Waters saiu da banda, em 1985, não tive a noção exata do que isso significava. Lembro do Humberto Gessinger cantar “Pink Floyd sem Roger Waters”, sem entender o que ele queria dizer. Na minha cabeça infante, Pink Floyd sempre seria Pink Floyd. E é, ponto! Prá mim, a saída dele da banda significava só uma coisa: nunca vou poder assistir ao vivo o The Wall. Nunca vou conseguir ouvir ao vivo e em cores, uma música do The Wall. Triste né?
E então Roger Waters veio a Porto Alegre com sua turnê “In The Flesh?”. Bacana, mas não era The Wall. Não tive ganas de assistir.
É importante, caro leitor, registrar que minha expectativa não era ver Roger Waters. Ou ainda David Gilmour e Mason. Apesar de ser um fã incondicional do Pink Floyd, minha expectativa era ver e ouvir o The Wall. E isso estava longe demais. Longe de acontecer.
Mas o desejo estava guardado. E desejos, quando bem desejados, acontecem, mén!
Corta!
25 de Março de 2012, Estádio Beira-Rio, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 18h22min.
Acabo de entrar no estádio e estou na arquibancada coberta, olhando para uma parede branca de mais de 100 metros de comprimento, com algumas partes abertas e outras já fechadas, indicando que ali, naquele lugar, será construído um muro, o muro que esperei conhecer ao vivo desde os 12 anos.
The Wall!
Não tenho como escrever, descrever, dizer ou demonstrar de nenhuma maneira o que senti e o que sinto agora lembrando, do momento em que entrei no estádio e me deparei com o muro, bem ali na minha frente. Não há como explicar!
Imagine algo que tu espera durante muito, muito, muito tempo, com a sensação de que aquilo é quase impossível de acontecer, e de repente, aquilo que tu esperava durante muitomuitomuito tempo, acontece ali, na tua frente. Ao vivo e a cores.
Aos som dos primeiros acordes de “In the Flash?” o estádio veio abaixo! Posso dizer que foi mágico. E foi muito além do que algum dia eu imaginei presenciar. Literalmente, foi um Show!
E eu fui! Eu estava lá! Eu vi!

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