sábado, 26 de fevereiro de 2011

Tem coisas que dá medo!

Nunca tive medo do boi da cara preta ou do saci, por exemplo, que esses eu sabia que não passavam de lendas. Nunca tive medo de fantasmas também, pois minha avó morava, e mora até hoje, na esquina da rua do cemitério, e quando criança eu me divertia andando justamente pelas ruelas do cemitério. Achava tri isso de andar por lá... era calmo!
Também não tinha medo de tomar banho quente e sair no vento. Até hoje dizem que dá “pasmo”. Isso, o “pasmo”, é uma parada que te entorta a boca e tu fica pro resto da vida daquele jeito. Tinha uma mulher que morava perto da nossa casa que tinha a boca torta. Dizem que foi “pasmo”.
E ciganos? Também nunca tive medo de ciganos. Uma vez inclusive, conheci uma cigana no sentido bíblico e tals... Ela era bacana e não morava em barracas. Ela morava numa casa de ricaço e tudo. E nem sempre andava de saia. Normalmente andava de calça díns. Eu até deveria ter medo de ciganos, vai que resolvessem que eu deveria casar com ela? Mas não tinha.
Eu realmente tinha medo de uma coisa... Lembrei disso outro dia.
Eu estava na rua, caminhandinho sem pressa, quando uma senhora falou assim pro seu filho:

- Caminha logo ou o véio do saco vai te pegar!

Cara, o véio do saco! Desse sim eu tinha medo, manja?
Ninguém dizia prá ti assim: “se tu não fizer tal coisa, vou te mandar para adoção!”... ou então: “tu faz xis ou ípsilone senão te mando prá um internato!”. Todo mundo falava assim: “Se tu não fizer o que tem que fazer, vou chamar o véio do saco”... Traumático, cara, traumático!
Fiquei com pena do menino! Sério! E num átimo, num milésimo de segundo, decidi o que tinha que fazer.
Virei as costas e sai correndo. Vai que e mulher mande o véio do saco atrás de mim também...
Como diria o filósofo Radicci: Fuja Lôco!

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