Conversa de botequim

Uma vez, cheguei a Farroupilha num domingo a noite e resolvi sair para comer um lanche no centro da cidade. Nesta ida encontrei o Dezã e fomos juntos comer um Xis. Manja Xis??? Não é aquele rapper que cantou uma música com a Cassia Eller no acústico e nunca mais apareceu. Xis é um tipo de hambúrguer que não tem nome de hambúrguer.

Bueno, chegando ao boteco, pedimos uma cerveja para iniciar os trabalhos, antes de pedir o alimento propriamente dito. Tomamos a primeira, tomamos a segunda, tomamos a terceira e então fizemos nosso pedido (e pedimos a quarta cerveja). Quando o rapaz entregou nossos Xis, pedimos a quinta... comer a seco não dá...

Após comermos, o Dezã resolveu ir ao sanitário e na passada gritou pro dono do boteco:

- Ô Placa! Manda a saideira!

- Não tem saideira... acabou.

- Como acabou? A saideira é clássica, homem!!!!!

- Rapaz, há 20 anos eu trabalho até as 11 da noite, e não é hoje que vou ficar até mais tarde. Acabou. Tá aqui a conta.

Resumindo, fomos expulsos do bar. Mó vergonha. Doeu na alma.

Imagino que o Noel Rosa deva ter sentido a mesma dor quando foi praticamente expulso do bar que freqüentava na Vila Isabel. Tanto sentiu que criou a famosa música “Conversa de botequim” em homenagem ao fato. Só que, conta a lenda, o garçom do Noel foi mais discreto. Lá pelos idos dos anos 30, quando o sujeito não era bem vindo no bar, o garçom começava a limpar a mesa. E quando o Noel chegava, o cara saia correndo com o paninho...

Acho que vou escrever uma música sobre isso para aliviar a minha dor. Talvez chame de “Expulso do boteco, sem dó nem piedade”... Dá um bico na letra do Noel:

Seu garçom, faça o favor de me trazer depressa

Uma boa média que não seja requentada,

Um pão bem quente com manteiga à beça

um guardanapo e um copo d’água bem gelada

Feche a porta da direita com muito cuidado

Que não estou disposto a ficar exposto ao sol

Vá perguntado a seu freguês do lado

Qual foi o resultado do futebol...