terça-feira, 16 de novembro de 2010

Viajar de Busão!!!!!

Cara, viajar de ônibus é muito emocionante. São algumas poucas horas, (ou muitas horas) de incríveis acontecimentos que não saem nunca mais da sua cabeça.
Dia desses fui a Florianópolis de ônibus, saindo da capital da Província de São Pedro diretamente para a ilha famosa do sul do Brasil. Mó emoção...

Na viagem de ida, lá pelas tantas horas da madrugada, estava eu com meus fones colados nos ouvidos, curtindo um Led Zepellin ou Pink Floyd ou outro clássico que não me lembro qual era, e eis que o ônibus pára de repente, do tipo estaciona sem pormenores. Quando abro os olhos é aquele tumulto! Uma senhora idosa estava passando mal, mas muito mal mesmo. Na verdade, eu acordei com os gritos da filha dela, também já senhora, na casa dos 50 pelo menos, enquanto a sua mãe era socorrida, de forma precária, porém voluntariosa, por outros passageiros do ônibus.
O Motorista, muito prestativo, sentou o pé no acelerador, enquanto uma passageira massageava o peito da idosa, procurando algum tipo de ajuda na estrada, o que estava extremamente difícil, pois nem o celular tinha sinal naquelas alturas.
Em torno de 30 minutos mais tarde, enfim uma luz. Manja aquelas turmas que consertam a estrada, ou apenas ficando tapando os buracos com uma meleca de pedra e piche? Então, eles tinham uma ambulância estacionada na porta do alojamento, e enfim uma cidade estava prestes a aparecer no horizonte (se bem que era madrugada e não se enxergava quase nada no horizonte).
Quando os enfermeiros entraram no ônibus e examinaram a idosa já demonstraram que o troço era mais sério do que se pensava. Levaram ela para a ambulância e se bandiaram para o hospital, deixando a filha dela com o pessoal do ônibus aguardando, visto que ela estava muito nervosa para acompanhá-los. Após meia-hora, os enfermeiros retornaram e avisaram ao motorista que ele teria que ir até o hospital pois teria que ser lavrado um boletim de ocorrência em virtude do óbito da paciente. Uma pena. Era uma senhora bem simpática.
Corta.
Dois meses depois, mesma estrada, trajeto de volta, mesma empresa de ônibus e talicoisa. Lá pelas tantas da madrugada, tirei os fones do ouvido (estava escutando as mesmas músicas, prá simplificar) e o que acontece? Sim, isso mesmo. Outra senhora passando mal no busão. Que côsa.
Abri meus olhos e era aquele tal de AHHHHHNNNNNNNN! AHHHHHHNNNNN! AHHHNNNNNNN!
Segundo meu companheiro de viagem, já fazia uns minutos que a senhorinha estava naqueles gemidos. Não sei como comparar os gemidos, mas eram feios, do tipo horríveis.
Então lá vai. Pára o ônibus, vem o motorista, o passageiro do lado levanta para dar mais espaço para a senhorinha respirar. Aumenta o ar-condicionado, essas coisas.
O motorista, muito atencioso sugere à senhorinha que ela pare na primeira cidade, seja encaminhada ao hospital para avaliação, e siga viagem no dia seguinte, se estiver melhor. Ela diz que não:
- Estou só sem ar, sufocada, mas toca o barco.
Novamente o motorista diz:
- Senhora, podemos parar na próxima cidade, que fica a 10 km daqui. Depois, só posso parar em Lages (meio do caminho entre Floripa e Porto Alegre).
- Tudo bem, ela disse. Até lá eu agüento... AHHHHNNNNNN! AHHHHNNNNN!
Enfim, ao cabo de duas horas e muitos gemidos chegamos a Lages. O motorista avisa: 20 minutos para troca de motorista e café.
Desço do coletivo para tomar um cafezinho e quem eu encontro? Isso mesmo, a tia que passou mal, com o rosto afundado num belíssimo pastel de 3m de tamanho, acompanhado de uma belíssima garrafa de Coca 600 prá acompanhar...
Bom, pelo menos depois disso não se ouviu mais nenhum gemido no ônibus.
Acho que era fome.

Nenhum comentário:

..Assuntos (clique num assunto abaixo para filtrar os artigos):