terça-feira, 3 de agosto de 2010

Quando ela nasceu!!!

Lembro como se fosse hoje o dia em que Júlia, a minha filha, nasceu. Parece até que acabei de sair novamente da sala de parto.
Estávamos em casa, eu e a Cris, e resolvemos dar uma caminhada. O obstetra falou que isso era bom e que iria ajudar no parto e bibibi. Como estava muito quente, achamos por bem de caminhar no shopping. Já que tínhamos que mesmo que caminhar, pelo menos lá tinha ar-condicionado. E assim o fizemos. Ou melhor, tentamos.

Nem bem saímos de casa e a Cris me disse:
- Estou sentindo uma coisinha estranha. Acho que preciso ir ao banheiro.
Voltamos para casa e ela foi ao banheiro. Mas não tinha vontade de nada, manja? Simplesmente ficou sentada, sentindo a coisinha estranha.
Pensei cá com meus botões:
- Santas fraldas descartáveis Batman, vai parir.
Peguei alguns documentos dela, a carteira do plano de saúde e rumamos ao Hospital Moinhos de Vento. Tranqüilos, conversando, falando sobre amenidades. Sem essa de respiração cachorrinho ou bolsa estourando. A única coisa estranha era a coisinha estranha.
Chegando ao hospital, a enfermeira a colocou numa maca, com aquela roupa linda, que deixa à mostra a bunda da pessoa, e foi monitorando os acontecimentos com um treco colado na barrigona, que ficava apitando e riscando um papel, apitando e riscando, apitandoeriscandoapitandoeriscando... De repente, entra o médico e diz:
- Hum, sem dilatação. Pelo jeito ainda vai longe. Tu queres esperar umas cinco horas para ter dilatação ou vamos prá cesárea?
Como a Cris queria parto normal, sempre pensou em parto normal, recuperação rápida e talicoisa, falou sem receio, na bucha:
- Vamos prá cesárea.
- Pai (eu, no caso), pode ir até em casa buscar as coisinhas do bebê e a bolsa da mamãe, porque daqui a pouco vamos pra sala de cirurgia. Tu vais assistir ao parto?
- Claro que sim. Bamos nessa que to aqui pra isso... vou num pé e volto no outro – disse eu.
E assim foi. Busquei as coisinhas do bebê e a bolsa da mamãe, avisei ao cinegrafista, coloquei o filme na máquina (de fotografia) e rumei ao hospital.
Chegando lá, me mandaram trocar de roupa e colocar uma calça verde e uma camisa verde, igual às usadas pelos médicos, com direito a máscara na cara e tudo. Muito tri... Sabe, fiz vestibular prá medicina uma vez e, bom, é outra história.
Quando entrei na sala de parto, já estavam a meio caminho andado, inclusive com anestesia aplicada e primeiras camadas de barriga abertas. Puseram-me atrás de uma cortina verde, ao lado da cabeça da Cris, e gentilmente me avisaram:
- Não olha por cima da cortina. Não olha por cima da cortina. Tu não pode olhar por cima da cortina. E mais, nem pense em olhar por cima da cortina.
Mesmo assim eu olhava. E baixava a cortina. E o anestesista levantava a cortina e não me deixava olhar. E eu ainda assim baixava a cortina e olhava. E os médicos lá no lance do bisturi, corta, seca, limpa, gaze...
- Ei Márcio, vamos fazer uma parrillada lá em casa na sexta. Estás afim?
- Claro, que horas???
E assim foi por mais alguns minutos, até que ouvi:
- Tá vindo, tá vindo, prepara tudo, tá vindo, mais um pouquinho, calma, aí, agora vai...
- Inhéeeeeeeee... Inhéeeeeeeeeeee...
- Pega Márcio!!!! Pegou???
- Peguei, peguei. Vem com o tio Márcio...
- Inhéeeeeeeeeeee... Inhéeeeeeeeeeee...
E aí o Márcio a colocou junto com a Cris, o rostinho colado ao rosto da Cris. E então Cris disse:
- Oi filha, oi meu amor.! é a mamãe.!.
No mesmo instante a Júlia parou de chorar e olhou para a Cris. Foi incrível.
Foi um momento lindo, porque a Júlia sabia quem estava falando com ela, sabia que estava segura naquele lugar, que não precisaria se preocupar mesmo que aquele lugar não parecesse nem um pouco com o lugar quentinho em que ela estava minutos antes.
E eu chorando e tirando fotos. Nem via direito o que se passava porque os olhos estavam cheios de lágrimas. Só apontava a máquina e chorava. Chorava e tirava foto, chorava e tirava foto. Às vezes tirava foto e chorava. E enquanto chorava e tirava fotos, descobri que amar infinitamente é possível sim. Infinitamente multiplicado pelo infinito. É assim que eu amo minha filha. E assim, agradeço a ela por ter me escolhido para ser seu pai.

2 comentários:

Filipe Zambon disse...

é emocionante. mas se prepara com o genro hahaha

Michele disse...

Oi Paulinho...
Muito lindo! Depois te conto como foi o parto da minha princesa. Agora falta bem pouquinho!

..Assuntos (clique num assunto abaixo para filtrar os artigos):