sexta-feira, 18 de março de 2011

A difícil arte de escolher a sua profissão!

Quando me perguntavam o que eu gostaria de ser quando crescesse, eu sempre respondia que queria ser médico. Bacana né? Fiz até o vestibular na federal de Santa Maria para medicina e fiquei de suplente. Só que tu já viste alguém desistir de cursar a federal? Nem eu. Mas também já quis ser funcionário do Banco do Brasil. Fiz concurso e tudo. Passei, mas nunca fui chamado. Quem sabe hoje eu não seria uma espécie de Henrique Meirelles. Talvez até a Scarlett Johansonn quisesse me conhecer no sentido bíblico.
Báh, duvidei!
Na verdade, na época dos meus 16 ou 17 anos, o que se tinha como garantia de uma vida sem sobressaltos financeiros era isso: Médico ou funcionário do Banco do Brasil. Se tu fosse um dos dois, era ricaço. De comprar Del Rey Guia ou Monza e tudo. Não havia uma preocupação extremada com o que tu realmente gostaria de ser, manja? Era o que dava mais grana. Simples assim.
Hoje eu vejo as crianças sendo perguntadas sobre o que querem ser, e a maioria, inevitavelmente responde de duas formas: jogador de futebol, para os meninos, e modelo/atriz/manequim para as meninas. Acho isso preocupante.
Para ser jogador de futebol, o que tu precisa fazer? Jogar futebol, certo? E para jogar futebol, o que tu precisa saber? Nada, a não ser jogar futebol. E para ser modelo/atriz/manequim, o que tu precisa fazer? Andar, certo? E para ser modelo/atriz/manequim, o que tu precisa saber? Nada, a não ser andar, e fazer umas carinhas do tipo “tô enjoada”. Mas precisa estudar? Não. Precisa aprender matemática, português, ciências, química, física ou biologia? Nananinanão! E se não precisa saber disso tudo, concordam que também não precisam saber onde começa seus direitos e até onde vai o seus limites? Pois é... dureza, mén!
Quando o Henry, o francês que cruzou como uma bala pelo Roberto Carlos (o jogador, não o Rei) na copa de 2006 e acabou com o sonho do hexa, citou que os moleque brasileiros eram bons de bola porque passavam o dia inteiro jogando bola, enquanto os franceses tinham que estudar e só podiam jogar bola no final de semana, ele foi massacrado pelos jornalistas e puristas brasileiros, que entendiam o que ele tinha falado como a maior asneira do mundo. Mas, convenhamos, o que ele falou foi uma tremenda verdade.
Agora compara a produção de jogadores de futebol da França com a produção brasileira. Chega a ser ridículo. Além do que, os maiores astros de futebol da França normalmente são Argelinos. Cito Zidane, e vocês escolham outros. Pode ser até o Benzema. Enquanto isso, no Brasil, os craques brotam das pedras. A cada dia surge um novo craque que vai salvar o Brasil na próxima copa. Ganso, Pato, e os da família. A produção tá tão grande que daqui a pouco, o grande craque do Brasil vai ser o Pinto (entenderam o chiste?).
Aí, quando um menino tipo o Neymar fala numa entrevista que “como é rico, pensou que podia fazer tudo que queria”, as pessoas acham isso natural, da idade, e que com o tempo ele vai mudar o pensamento.
Cara, como é que um moleque desses vai mudar o pensamento. Ele não tem base educacional. Não sabe falar direito, não sabe escrever direito. Não sabe se comportar direito. E não sabe que o fato dele ter muito dinheiro não lhe dá o direito de humilhar ou maltratar outras pessoas. Isso ele teria aprendido na escola. Com uma “Tia” que lhe ensinaria a ter respeito pelas pessoas, pelos colegas, pelos amigos. Escola. Isso é o que nos falta. E com a escola, educação.
Vi noutro dia que numa cidade gaúcha, o índice de procura pela escola caiu quase 30%. Sabe porque, porque a ida para a escola é perigosa. Os meninos são assaltados antes de chegar a escola, então, prá que ir a escola né? Melhor ir jogar bola. Vai que me chamem para a seleção do Mano.
Ou talvez, para a próxima “Copa do Mundo” no Brasil, isso se resolva.
A propósito, minha filha quer ser “Dona de Zoológico”. Então, dá licença que vou começar a procurar grandes extensões de terra para ela. Só espero que eu não vire tratador de leões.

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