segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Do glamour do Barra Shopping à miséria do posto de combustível

Frequentar shopping center não é meu forte, até vou de tempo em tempo, mas não é dos locais que mais me atraem, ainda mais vivendo aqui pela região da Serra Gaúcha, que temos um belo shopping, é verdade, mas até bem pouco tempo o único que pode ser verdadeiramente chamado de shopping.
Então ficamos assim: não sou muito de shopping e ainda temos apenas um, então nada muda entre uma ida e outra, logo não vou tantas vezes.
Mas não tenho absolutamente nada contra quem freqüenta esses estabelecimentos, muito antes pelo contrário, são verdadeiros centros de consumo onde se encontra de tudo um pouco e ainda conta com estacionamento, segurança e o conforto do ar-condicionado, que nesses dias de calor é um diferencial e tanto. E tudo isso tem seu preço obviamente, lembre-se: bem ou mal vivemos no mundo dito capitalista.
No último final de semana, entretanto, mesmo não sendo freqüentador assíduo de shopping’s resolvi visitar um lá na capital Porto Alegre. Sim, a capital não é longe, cento e poucos quilômetros. Ela fica longe durante a semana por conta da entediante BR 116 que congestiona, mas aos finais de semana é bem tranquilo. Mais tranquilo ainda que fui muito bem acompanhado, diferente de quando se vai sozinho, ou então pulando dentro do carro rebaixado do Maicon (Playmobil).
Bom, fui ao Barra Shopping, um dos maiores e talvez o mais recente aberto em Porto Alegre. Já havia estado lá outras vezes, mas a trabalho, desta vez fui passear no centro do consumo.
Interessante, mesmo em época de pouco movimento nas cidades e muito agito no litoral, lá estavam as pessoas, passeando, comprando, comendo, bisbilhotando nas centenas de lojas que vendem dezenas de milhares de produtos de toda espécie.
Lá também tinha um equipamento de arvorismo para crianças, os pais pagam um determinado valor e as crianças praticam o esporte utilizando todos os equipamentos de segurança necessários, além de serem monitoradas por profissionais que garantem toda a segurança para que nada de mal aconteça.
Os pais, por sua vez, fotografam, filmam e paparicavam as crianças, todas limpas, bem vestidas e bem alimentadas, que desfrutavam de um belo domingo de lazer no shopping com ar-condicionado. Custa dinheiro, mas é bom. Como diz o ditado: “caro é o ruim”.
Mas eis que voltando do shopping, lá em São Leopoldo parei num posto de combustível pra comprar refri e batata frita, pois minha companheira come sem parar... e lá encontrei mais crianças, só que desta vez não praticavam arvorismo, nem estavam limpas e bem alimentas. Pediam esmolas. Sujas e maltrapilhas.
Assim como lá no shopping, estavam acompanhadas dos pais que se escondiam, mas não eram fotografadas, nem filmadas, nem paparicadas por eles, eram repreendidas caso não obtivessem esmolas dos clientes do posto.
Sei que não contei nenhuma novidade, mas penso ser útil lembrar e refletir sobre o antagonismo que cerca a nossa sociedade moderna e consumista, pois enquanto uns vivem no glamour, outros vivem na miséria. E é tudo gente feita de gente, que sente fome, frio, calor. Gente que tem condições de amar e ser amada. E gente que não tem a oportunidade de sequer saber o que é o amor.

Um comentário:

Brunetta disse...

Mas tem gente que conheço que quando vai no Brunetta bebe e come sem parar, e muito, muito mesmo... Gorduchinho meu melhor cliente!!

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