quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

A mulher casada que morreu solteira! - Capítulo IV

Após o dito, Mariana deu-se por convencida de que realmente a vida junto com Olavo era o que deveria buscar.
- Pois então, o tempo da tua espera será apenas o tempo de juntar as poucas coisas que tenho, arrumar na mala e partirmos. Daqui levo pouco, apenas algumas roupas e acessórios. Mas no coração levo algo maior e mais forte: o amor que tenho por ti, e o sonho de ser tua para sempre.
Assim foi. Mariana juntou roupas, perfumes e jóias, colocou tudo numa pequena mala e pronto. Rumo a uma nova vida. Rumo à felicidade ao lado de seu amado.



Quando saíram da casa, Mariana ainda teve ganas de olhar para trás, porém não se permitiu, pois a vida que pertencia aquela casa agora era uma vida passada. Pensou consigo:
- A minha felicidade não está e nunca esteve aqui.
Pegaram um carro de aluguel e em segundos deslizavam pela Rua 24 de Outubro em direção ao centro. Tito lhes esperava no hotel para juntos seguirem seu caminho de volta para casa. Quando Mariana o avistou, sentiu no peito uma dor estranha, mas nada falou a Olavo, pois sabia que Tito era seu melhor e talvez único amigo, porém a companhia de Tito não lhe agradava. Sentia em seu peito uma angústia, algo estranho e que nunca havia sentido. Tito lhe olhava de uma forma como se lhe despisse a cada piscada d’olhos. O que será que lhe passava pela cabeça? Porque a olhava desta forma? Será que desrespeitava a amizade de Olavo para consigo? Ficou com isso martelando em sua cabeça, até quando saíram da estação em direção a sua nova casa.
Esqueceu-se daquilo, pois no caminho foi percebendo o quão belo seria sua nova vida. Paisagens cada vez mais deslumbrantes lhe apareciam, na medida em que se afastavam da capital. Vales, montanhas, rios, quanta beleza havia no mundo, e que até pouco tempo não lhe chegava aos olhos. Passaram por pequenas cidades, por casas com jardins floridos, por crianças brincando nas ruas sem preocupação. Olhou para Olavo, que lhe dedicou um belo sorriso como se percebesse o quanto feliz ela já era, em poucas horas ao seu lado.
Quase ao entardecer, o trem apitou sua última parada antes do destino deles. Ao chegarem à estação, Mariana percebeu novamente os olhares de Tito, porém antes que ela pudesse lhe dizer algo, uma senhora idosa lhe chegou e disse aos sussurros:
- O que estás a fazer será a tua ruína, e também a ruína deste homem!
- Como disse? – falou Mariana.
- O que estás a fazer menina, será a tua ruína e também a ruína deste homem que lhes acompanha.
Mas como assim? - pensou Mariana. Com que propósito aquela senhora lhe falou aquele disparate? Porém antes que pudesse mesmo perguntar, a senhora afastou-se com um semblante sombrio, e Mariana nunca mais a viu em sua vida.
- Velha louca - disse para si mesma.
O trem seguiu seu rumo, porém à medida que andava, seu coração apertava mais e mais. As palavras da velha não lhe saíam da cabeça. Porque diabos ela disse aquilo? Será que me confundiu com outra rapariga? Nem mesmo notou que pouco tempo depois, ao cair da tarde, chegaram ao seu destino. Enfim, chegara a seu novo lar.
Olavo e Tito desceram primeiro, recolheram a bagagem, e somente depois Mariana desembarcou. Quando cruzaram o saguão, olhares se lhe foram disparados pelos transeuntes da estação. Sua beleza se anunciara a quem ali estava, para deleite dos olhares masculinos e inveja dos olhares femininos. Olavo a tudo percebia, e com satisfação no seu íntimo, pensava:
- Olhem a mulher mais linda da terra! E ela é minha!
Alugaram um coche para lhes levar até em casa, que a partir daquele dia seria a casa dos dois. Tito lhes acompanhou até lá, deixou-lhes a porta, e despediu-se friamente com a promessa de ali estar no dia seguinte para ver como estavam.
Por que Tito agiu de forma tão fria?

Você só saberá lendo o próximo capítulo de A mulher casada que morreu solteira! Então leia...

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