segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A mulher casada que morreu solteira!

Caríssimos, a partir de hoje teremos mais um continho para alegrar-lhes... Divirtam-se...

Capítulo I

Todos sabiam que ela era uma barregã. Por isso ninguém lhe chorou a morte. Ninguém a não ser Olavo, a quem ela destinava seus favores e que a amava mais do que qualquer mulher um dia sonhou ser amada.
Muitos a abominavam por isso. Ora, contentar-se em ser amásia! Ninguém naquela pequena cidade poderia aceitar um desvario desses. Eram todos respeitosos das leis divinas e o matrimônio era um dos votos que mais prezavam. Tanto era assim que nas casas de família Olavo não a podia levar, pois não era de bom tom que Ela ali estivesse.
Mas muitos a admiravam por ser assim, compromissada sem compromisso formal. E alguns chegavam mesmo a sonhar com ela, dia após dia, imaginando como seria se ela os escolhesse para viver assim, no pecado, como dizia dona Mirtes dos Correios.
Quando ela apareceu na cidade causou alvoroço. Olavo a trouxe da capital da província de São Pedro como sua. Linda, nova. Feminina além do devido, segundo algumas línguas mais afiadas. Segundo outras, até andava pelas ruas a mostrar as pernas. Uma ousadia, um disparate, um acinte! Os mais curiosos, se conta aqui e acolá, chegaram a perguntar a Olavo se por baixo das saias reluziam pernas de louça, como dava a entender pelo brilho das canelas.
Porém, assim que algumas carolas souberam que eles não estavam casados aos olhos de senhor, bastou para que toda a pequena cidade os olhasse como a quem olhasse Adão e Eva depois de comida a maçã. Pecadores e devassos! Isso sim é o que eram!
Não tinham amigos. Nem mesmo os amigos mais antigos, por quem Olavo tinha grande estima, agora lhes visitavam. Todos por medo do que as famílias da cidade falariam se soubessem que lá estiveram. O único que lhes visitava de quando em quando era Tito, rapaz bem apessoado, distinto e de fino trato, a quem Olavo considerava como um irmão.
Tito era seu companheiro desde a tenra idade, e esteve ao seu lado em todas as horas de sua vida, fossem boas ou ruins. Infantes ainda, Tito o defendera de uma briga de rua com rapazes do ginásio. O defendia na verdade de todas as brigas em que se metia, que não foram poucas, pois Olavo sempre se metia em brigas de rua. Quando tinha problemas, antes de consultar a família, Olavo consultava Tito, e os conselhos do amigo eram levados tão a sério como se fossem ditos pelo próprio Papa, diretamente da janela da Basílica de São Pedro, no Vaticano.
Apenas uma única vez Olavo não ouviu os conselhos de Tito.

Por quê? Saiba mais no segundo capítulo de A mulher casada que morreu solteira!

Nenhum comentário:

..Assuntos (clique num assunto abaixo para filtrar os artigos):