Mas no dia seguinte Tito não apareceu. Olavo estranhou a ausência do amigo, mas depois, quando Mariana surgiu para o café ao seu lado, esqueceu-se completamente de Tito, e passou a dedicar seus olhares, gestos e palavras àquela a quem seu coração pertencia.
Tito não apareceu no dia seguinte, nem no outro. Apenas no quarto dia de retorno deu as caras por lá. Chegou com ares cansados, trocou poucas palavras enquanto Mariana estava com eles, e somente depois que ela se afastou é que a conversa com Olavo tomou o rumo de sempre. Pareciam novamente os dois amigos inseparáveis. Durante várias semanas, assim ocorria. Com Mariana por perto, conversas beligerantes. Com Mariana longe, colóquios cúmplices entre velhos amigos.
Agora, pensando com mais calma, Olavo entendeu a frieza de Tito naqueles dias. Ciúmes. Seu amigo de toda a vida teve ciúmes. Bem que Mariana lhe advertira. Passados os primeiros dias, Tito já não escondia mais que não ficava confortável na companhia dos dois. Quando estava a sós com Mariana conversava amenidades, mas sempre com olhar sisudo e de poucos amigos. Não tratava com Olavo sobre ela, mas o amigo sentia algo diferente em Tito, pois afinal, conhecia-o desde infante e sabia quando escondia algo.
Mas na última vez que estiveram juntos, Tito havia lhe dito que o melhor era ter ficado com Mariana na capital, pois lá em Porto Alegre toda a gente era letrada e condescendente, sem maiores pudores nas questões maritais. Era comum que homens tivessem lá suas amasias, sem que isso fosse visto como um pecado mortal. Mas Olavo não o ouviu. Queria voltar para sua terra, e mostrar a todos na cidade a mulher linda que ele havia conseguido arranjar para si. De verdade, queria se exibir para todos, pois dentre as raparigas assediadas pelos seus amigos, ou dentre as mulheres casadas, ou ainda entre as viúvas, não havia nenhuma tão bela quanto Mariana.
Ah! Mariana. A mais bela mulher a quem Olavo tinha posto os olhos em sua curta vida. Olhos verdes como a grama. Cabelos pretos como a noite sem estrelas e sem luar, e corpo com tantas curvas que deixaria com vergonha a Serra da Produção, por onde Olavo passou com destino à capital. Um corpo que parecia revestido da mais linda porcelana Chinesa, mas que somente Olavo tinha o privilégio de admirar, à noite, no calor da alcova. A isso tudo, pensou Olavo, Tito tinha ciúme.
Será que era verdade? Tito estava com ciúme de Olavo? Queria ele ter Mariana em sua alcova?
Você poderá descobrir se ler o próximo capítulo de A mulher casada que morreu solteira!
Nenhum comentário:
Postar um comentário